3 de out. de 2013

Como desenvolver sua prática pessoal de yoga?


Por Vanessa Malagó

No artigo publicado na semana passada (A importância de ter uma prática pessoal de yoga) tratamos da importância de se ter uma prática pessoal de yoga como complemento à prática em aula. Hoje vamos trazer algumas dicas e recomendações para que você possa construir uma prática pessoal com segurança.


A primeira dificuldade que normalmente percebo em meus alunos para começarem a praticar em casa é a de instituir uma nova rotina. Provavelmente vai ser difícil logo de cara você conseguir reservar de 1h a 1h30 para praticar em casa, se isso já não faz parte da sua rotina regular. Também não adianta colocar essa intenção e ela durar apenas nas primeiras semanas e depois você não conseguir manter um horário para praticar. Portanto, minha sugestão é começar apenas com alguns minutos. Se você conseguir reservar 30 minutos do seu dia uma ou duas vezes por semana já pode ser um ótimo começo. Senão, até mesmo 15 minutos já está valendo.  Você não conseguirá trabalhar as mesmas coisas que trabalha numa aula de 1h ou 1h30, mas poderá dedicar esse tempo para fazer alguma pequena sequência de posturas, alguma técnica de purificação (kriya), um exercício respiratório, um mudra ou alguma técnica de concentração. De início procure trabalhar com algo que você goste ou com alguma postura ou exercício que ajude a aliviar algum tipo de desconforto que você tenha normalmente. O tempo que você dedica para a prática fica sendo assim um momento prazeroso do seu dia. Isso vai ajudá-lo a construir uma rotina, de modo que depois de 1 ou 2 meses, se por acaso ficar algum dia sem a sua prática regular, é bem capaz que sinta falta dela. A partir do momento que se constrói o hábito, fica então mais fácil ir aos poucos estendendo o tempo de prática.



Uma dúvida bastante comum de quem começa a desenvolver sua prática pessoal é em relação a que posturas e técnicas trabalhar. Você pode nesse sentido, pedir a orientação de seu professor. Conhecendo sua prática no momento, suas dificuldades e necessidades, ele saberá lhe dar alguma recomendação básica do que poderia começar praticando. Não se force, nem tente fazer sozinho aquilo que você não domina.  Seja paciente e cuidadoso, evitando técnicas que você não esteja ainda familiarizado.


Na hora de escolher o que praticar é importante considerar a hora do dia que reservou para sua prática. Se for praticar pela manhã pode ser interessante trabalhar com uma prática mais vigorosa e energética. Se for praticar pouco antes de dormir, é aconselhável fazer algo mais restaurador e introspectivo.  Tenha um plano antes de iniciar sua prática, mas use o bom senso caso precise adaptar alguma coisa. É preciso levar em conta o seu estado físico e emocional no momento da prática. Sempre que começar a praticar, reserve alguns instantes em silêncio, trazendo foco para seu corpo e sua respiração. Observe como está sua disposição interna, seu nível de energia e se há alguma parte do seu corpo que exige uma maior atenção.


Se teve um dia muito cansativo, pode começar sua prática com posturas restauradoras e aí, à medida que sente seu nível de energia crescendo, pode introduzir algo mais dinâmico. Por outro lado, se você sente bem disposto e cheio de energia, pode iniciar a prática com algo mais intenso e desafiador, que canalize sua energia e lhe traga foco.



E como planejar uma série equilibrada de posturas? Você pode de início se basear em sequências trabalhadas em aula e com o tempo, ir construindo suas próprias sequências, a partir do que for observando e sentindo em sua prática pessoal e conforme vá conquistando mais experiência e conhecimento sobre os efeitos de cada postura e a relação entre elas.


Ao planejar uma sequência, procure trabalhar o corpo como um todo, incluindo diferentes tipos de posturas: flexões à frente, retroflexões, posturas de pé, invertidas e torções. A série deve explorar estabilidade, força e flexibilidade. Não deixe também de incluir alguns instantes de relaxamento. Isso dá ao seu corpo as condições para assimilar o que foi trabalhado durante a prática. Pode ser interessante também incluir algum exercício respiratório ou de concentração ao final.


Praticando sozinho você começa a despertar o seu olhar interno, percebendo como responde a diferentes situações, como lida com as dificuldades, com o novo, com os desafios, com aquilo que lhe é familiar e confortável. Cultivar esse estado de presença é o objetivo primordial da prática de yoga. Melhorar sua saúde, aliviar algum desconforto físico ou mesmo executar com mais facilidade alguma postura podem ser alguns dos pontos de partida para você começar a sua prática pessoal.  Essas são metas importantes, mas o que de mais valioso sua prática pessoal pode lhe trazer é o autoconhecimento.