Em
seu comentário sobre os Yoga Sutras, Rohit Mehta (1995) afirma que Yoga é um estado de mente completamente livre de
todas as tendências reativas.
“Quando dizemos que estamos pensando, na verdade, estamos envolvidos em
um forte processo de reação. Com o passar do tempo, esses centros de reação
tornam-se mais e mais fortes. Forma-se dentro da mente uma cadeia de reações.
Estas tendências reativas tornam-se nossos hábitos. Acostumamo-nos tanto com
elas que começamos a considerar o hábito nossa segunda natureza. Na verdade, a
segunda natureza transforma-se em nossa única natureza, pois somos alheios a qualquer
condição da mente que seja livre dos centros reativos. Patanjali
diz que o Yoga consiste em dissolver esses centros de reação. Devemos lembrar
que o Yoga não significa o desenvolvimento de novos hábitos em oposição aos
antigos. Requer a dissolução do próprio centro do hábito. Uma mente na qual não há centro de reação ou
hábito, é realmente, uma mente livre.”
Os kleshas -tema de nosso artigo anterior, Klesas: As raízes do sofrimento- estão
intimamente relacionados a esse processo de reação e condicionamento da mente. Os
kleshas atuam como impedimentos para
vivermos o presente de forma plena, mantendo-nos constantemente presos às
nossas experiências passadas.
Todas as nossas ações
e experiências produzem impressões no inconsciente, que no yoga chamamos de samskara. Samskara
é um termo sânscrito, derivado da raiz KR (fazer, executar), que, com o
acréscimo do prefixo Sam- adquire o sentido de acumular, compor, elaborar. Tais
acumulações não são apenas memórias que podem ser resgatadas pela consciência
ou vestígios passivos das nossas ações e desejos. Elas
determinam nossa linha de comportamento e nossas reações, são forças dinâmicas
que constantemente impelem a consciência para a ação. São responsáveis pelos
nossos hábitos, apegos, desejos e medos. Ficam armazenadas no inconsciente,
esperando sua manifestação diante de circunstâncias semelhantes que se repitam.
“Lá do fundo, esse
conteúdo comanda o nosso comportamento dito voluntário e consciente;
comanda o que somos, queremos, sentimos, dizemos, fazemos e pensamos.”
(Hermógenes, 2001)