4 de jul. de 2016

O despertar dos chakras e a kundalini – Parte 3

Por Vanessa Malagó


O progressivo despertar dos chakras é chamado de ascenção da kundalini. No Tantra se diz que a ascenção da kundalini representa a união de Shakti e Shiva. O que isso significa?

De acordo com a filosofia do Samkhya e os textos clássicos de yoga como os Yoga Sutras, nosso mundo manifesto surge da união de Purusa - que representa o ser puro,  a consciência - com Prakrti- que representa a natureza, a matéria, a substância primordial.

A partir de Prakrti, Purusa pode experimentar o mundo. Mas por outro lado, a partir dessa união,  Purusa não é mais capaz de se reconhecer como uma entidade separada de Prakrti. Ele, que é eterno, imutável, passa a se reconhecer com o mundo manifesto, que é dinânico e impermanente. Surge aí avidya, a falta de percebimento por parte de Purusa de sua real natureza. Ou seja, o homem torna-se desperto para o mundo e para as experiências que esse pode oferecer a ele, mas fica adormecido para si mesmo, ele deixa de identificar a si mesmo com sua essência, que é “sat-cit-ananda”:  verdade, consciência e felicidade.

Você deve estar se perguntando então: se Purusa já é felicidade, a verdade, a consciência.... por que afinal ele é levado a entrar em contato com Prakrti? A resposta é: para desenvolver os poderes latentes em Prakrti e em si mesmo.  Swami Satchidananda compara a relação entre Prakrti e Purusa com a ideia de escrever com um giz branco num quadro negro. “Não dá para escrever com um giz branco num quadro branco. Apenas através de Prakrti podemos descobrir que somos Purusa. Prakrti, portanto, é necessária para que possamos conhecer a nós mesmos.”